Um ponto iluminado

Alguns dias me sinto como um ponto iluminado.
Onde as centelhas que me aquecem
Me remetem ao frio e a cegueira.
Tais centelhas me confundem, me guiam,
Me concluem.
Como ater-me aos detalhes, se o que vejo é a imensidão intangível.
Então, me recluso em insignificância,
Me percebo nua e vazia.
Queria ter tempo para tudo,
Mas ainda que vivesse eternamente
Não poderia tamanha magnitude conter.
A luz que me aquece foge num instante,
Mas ela irradia eternamente, por isso nunca me sinto tão ponto.
Sinto me parte de um arranjo de letras com alma.
Ler é aquecer o coração sentindo a complexidade do conhecimento.
Quanto mais, me sinto menos.
E quem sou eu além de um ponto?
Então, contemplo exacerbada a maravilha do conhecimento.
Me deleito nas palavras que quem muito adiante assimilou o conhecimento em vida.
Que leu a vida e a transcreveu em conhecimento.
Delírio, magia e encantamento são as palavras de um sábio leitor.
Quisera eu atar-me a momentos como estes,
E ouvir pacientemente, horas a fio
As brasas que me aquecem e acalmam a alma.
O deleite da inquietude me preenche de desejo e vazio, e quero mais.
De tudo que sei e anseio,
Do que ainda nem sei, mas que recrio em mim,
E nos outros.

1 comment:

  1. "As brasas que me aquecem e acalmam a alma..."

    É tão bom quando a gente se identifica com alguém, com as ideias de alguém, e descobre que esse alguém entende a sua alma mesmo sem sequer te conhecer!

    Algumas pessoas iluminadas têm o dom de traduzir tais sentimentos em palavras e estas palavras são brasas que aquecem e acalmam nossas almas: a vontade que dá é parar tudo e sentir esse calor, saborear esse calor, que tanto conforta, que tanto completa e faz feliz!...

    ReplyDelete