Esteriótipos

Quem nunca ouviu a frase: "Baiano é preguiçoso"?
Aparentemente ingênua e cômica a frase carrega consigo a essência da ignorância. Seja lá quem foi que a criou e que a repete, ela é o clássico exemplo daquele que perdeu a chance de ficar calado.
Fiquei curiosa pra saber onde ela nasceu, se em alguma disputa de poder na época da escravatura, ou se numa disputa territorial do passado. Resolvi Google it e advinha o que achei? Um comentário sobre a tese de Elisete Zanlorenzi, que esclarece com bastante consistência sobre a origem do "mito". Segundo Elisete, desde o século XVI a elite local usava a depreciação de negros, geralmente analfabetos e desprovidos de direito, como preguiçosos, uma forma de exclusão social. Muitos ainda pensam que favelado é favelado porque quer, que mulher gosta de apanhar e por aí vai. Tais estereótipos são formas claras de exclusão, de preconceito e principalmente de desinformação. É mais fácil dizer que "baiano é preguiçoso", do que assumir a própria incapacidade em perceber o quanto as políticas públicas são insuficientes para trazer equilíbrio e inclusão social.
Felizmente a frase vem perdendo força ao longo dos anos, o povo baiano hoje em dia é representado pela sua alegria de viver, sua receptividade, musicalidade.
As frases que são repetidas sem nenhuma reflexão prévia carregam consigo uma grande carga de informação sobre o que é dito e sobre quem as diz. Então antes de sair repetindo tais asneiras, mesmo que em piadas e rodas informais, vamos pensar melhor se devemos continuar repetindo um discurso tão antigo e estigmatizante, que sequer deveria ter perdurado um dia.
Tente substituir "Baiano é preguiçoso" por Mineiro é preguiçoso, ou Paulistano é preguiçoso, ou que Carioca é preguiçoso, e assim por diante. Diria como mineira que sou, que soa forte e dói nos ossos pensar que um dia meu povo fosse chamado assim, que eu fosse chamada assim. E refletir sobre os estereótipos é válido e essencial numa sociedade excludente como a nossa. Esteriótipos não deveriam existir, eles representam nossa parte mais hostil e degenerada como sociedade. Depreciar o próximo pela diferença é mais que tudo depreciar a si mesmo. Quando vejo tais discursos, vejo quem os faz e percebo que não há parâmetros nem esteriótipos que determinem quem os faz. Todos de uma maneira ou de outra, em algum momento da vida já se valeu dessas frases feitas para defender seus pontos de vista. Então minha reflexão é para que não usemos mais esses discursos vazios de verdade e cheios de preconceito, e usemos melhor as palavras criando nossos próprios discursos a partir da reflexão, da interpretação, da discussão saudável sobre o direito e o respeito ao próximo.

Viva a diversidade!

A Morte Iminente

O medo da morte iminente me torna mais frágil,
mais melancólica,
mais parte,
menos eu.
Pensar que basta um segundo e tudo acaba.
E o que ficou pra trás vira pó e saudade.
A morte iminente me torna mais viva,
mais presente que passado,
ainda que o passado me torne quem sou.
Pensar que num segundo tudo passa.
E o que foi feito já foi, mas está aqui em tudo que sinto e sou.
Pensar na morte iminente me faz refletir,
que as vezes o que dizemos ser vida
muitas vezes passa desapercebido.
E quando olhamos o passado
Não estamos lá, nem cá.
Existe um tempo intermediário,
Aquele em que o sujeito vive o tempo suspenso.
Nem passado, nem presente, nem futuro.
É um entre tempos,
Um mundo virtual, fictício, devastador.
Que nos impede de perceber o hoje
como parte de nós, como a única parte de nós
que realmente nos pertence.
Pensar na morte iminente me da desassossego
vazio, medo, falta...
Dúvida.
Eu sou o tempolimbo
Sou tudo que fui, e nada que fui.
Sou o agora que é eterno, mas tão breve que passa,
Num segundo.
E já sou mais um pouco do que antes,
E um pouco menos que ser.
Pensar na morte iminente me faz pensar que quero mais
A morte não é fim, nem pode ser.
Pensar na morte iminente me faz querer viver mais,
Ser mais, sentir mais, amar mais, perceber mais.
Iminente, não necessariamente.
Inevitável.
Era uma vez um mundo feliz e perfeito até que surgiu o Amor.
Ah! O Amor!
E de uma hora pra outra o que era racional e funcional tornou-se incrivelmente trágico. De um mundo onde a razão tornava todos os finais felizes e logicamente ideais, de repente nos vimos em meio ao completo caos, uma novela mexicana. Foi um Deus nos acuda. Gente chorando prum lado, gente se lamentando do outro. Não acabavam as reclamações ao nosso SACA- Serviço de Apoio a Cliente Apaixonado. Todos com a mesma queixa: dor de cotovelo...
Chegamos a conclusão que todos seguiam uma sequência lógica de fatos, o que não fazia sentido algum. Primeiros pensamentos, depois contato físico aproximado e aí tudo descambava. Frio na barriga,tremedeira, falta de fome e concentração, dificuldade de respirar, muitos tinham dificuldade em parar de rir. Mas logo apresentavam sintomas mais graves e deprimentes. Normalmente em pares, um dos afetados demonstravam aversão ou rejeição pelo outro, gerando, assim, efeitos extremos e deprimentes. Dias de tristeza profunda, choro patético, alguns relatavam perda de sono e vontade de viver...Alguns perdiam o apetite, outros se entupiam de comida. Muitos se diziam enganados, arrependidos, irados. Alguns prometiam nunca mais se deixar levar por esse sentimento tão desmedido e infeliz.
Tivemos que por isso chamar o Sr. amor para uma conversinha. Queríamos saber que história era essa de aparecer do nada e nos tirar a paz. Antes dele tudo ia muito bem. Tínhamos apatia e tranquilidade. Era tudo meio sem graça, mas tínhamos sossego. Os casamentos, resolvíamos com contratos metodicamente seguidos, e acreditem, eles eram religiosamente seguidos. Dias intermináveis de mesmice, mas éramos mais racionais, mais comedidos. Nada de reações amorosas intempestivas, gente viajando na Maionese. Maionese agora tá lotada! Não há mais como nadar em Maionese. Maionese virou roteiro turístico de quinta.
O tal Sr. Amor veio logo dizendo que não tinha culpa. Ele apenas dava uma nova dimensão aos relacionamentos. Fazia tudo mais saboroso, mais encantado. Disse que quem causa toda a confusão é o ciume, a inveja e a cobiça, essa turminha sim era a verdadeira causa de tanta confusão. As acusadas se diziam vitimas de calúnia. Elas diziam que só eram chamadas depois que o Amor de manifestava. Como foi aquele mundo de acusações por todo lado resolvemos fazer uma acariação. Chamamos todas as partes envolvidas, O Sr Amor, acusação, testemunhas e por fim as vitimas. Descobrimos, afinal, que as vitimas de vitimas não tem nada. O Amor se apresentava e elas sem pensar nas consequencias iam logo se deixando levar. Diziam as testemunhas que não faltavam conselhos,advertências, solicitações de bom senso e racionalidade, mas os indivíduos estavam completamente loucos para provar o tal fruto deliciosos e caiam em tentação... Sendo assim, o amor foi liberado temporariamente. Mas as investigações continuam...

a.M.O.R

Passamos a vida esperando que os outros nos aceitem como somos,
nos amem como somos,
nos respeitem quando falamos e agimos.
Que nossos pensamentos sejam livremente expressos
E que nossa capacidade de escolha seja respeitada.

Mas raramente vejo reciprocidade.

Muito se fala,
pouco se faz.

E o que fica?
Falta amor pelo próximo, amor que nao vai além do umbigo,
E descobrimos a medida em que o tempo passa e
a idade vai chegando,
os filhos nos ensinado,
Que a individualidade só é real quando é percebida e compartilhada.

Somos todos parte do sistema,
que há muito perdeu seu equilíbrio.
TO HAVE THE NOTION THAT I COULD MAKE MISTAKES, RELEASED ME.