LARAH DECIDE VIVER

Larah decidiu viver.

Há noites Larah não dormia. Dizia não se lembrar da ultima noite em que dormiu por 7 horas contínuas. Sentia falta da adolescencia pelo simples fato de se deitar às 20h e acordas as 7h sem efeitos colaterais. Mas aquela noite, fora dentre todas, a pior. Larah achou que iria morrer de dor, dor na alma.
Pela primeira vez na vida sentia-se tão só e tão perdida que pensou no valor da vida.
Chorou tanto que a cabeça doía, pesava, sentia ânsia de vomito, uma vontade de mudar o tempo, tanto faz voltar ou ir adiante; o que queria era sumir.

Sentia-se só. Seus amores e paixões a deixaram só. Ela decidiu ficar só.

Tomou analgésicos, ligou a TV achando que mudar os canais a acalmaria, e acalmou. Tanto lixo na TV, algumas coisas boas, mas se acalmou, parou de chorar, de pensar. Estava anestesiada, um alivio pro inferno que sentiu há algumas horas.

Pensou em escrever o que sentia. Não dividia com mais ninguém, mas queria dividir com o  mundo. Que ironia! Precisava conversar com alguém, mas não sabia como, nem com quem. E começou assim:

Que bom que decidi escrever.
Minha vida está parada, só vejo uma muralha na minha frente e não há outro caminho a seguir. Eu fico aqui parada olhando essa muralha a minha frente e penso... Penso e não vejo nada, nem uma dica, nenhuma escada ou mão que me ajude a sair dessa momento. Tirei minha aliança e olhei minhas mão. Senti alívio. Alívio e vazio. Como será viver a vida assim aliviada. Seria vazia ou uma grande descoberta, uma vida cheia e plena comigo mesma. Queria tentar. Que se fodam, que se cuidem, a mim só importa um amor, esse incondicional e surpreendente-mente amigo. Vivi minha vida ditando minhas regras e acabei aqui percebendo que na verdade minhas regras não eram minhas. E no final, o que valeu a pena? Quero descobrir quem sou de verdade, se a vadia egoísta ou a aquela que se sacrifica por amor pra no final não dar em nada. Sempre acreditei que as escolhas são minhas e de mais ninguém e isso não mudou. Quero um tempo pra mim, vou achar meu caminho de volta pra mim. Quero terminar os livros que comecei e os que estão na minha mente. Quero entender quem é a mulher que parece tão capaz, tão forte e decidida que dizem que sou. Quero encontra-la, dizer que a amo e tudo bem com os erros, eles fazem parte. E dizer a ela que não desista não, existe uma razão pra isso e pra tudo. Dos momentos que vivi, todos valeram a pena. Até este, o pior de todos."

Larah decidiu escrever, e viver. Escrever tudo. Escrever suas conclusões sobre a vida, sobre si, e tudo mais. Que existem amores fantásticos, grandes e incomparáveis. Homens diferentes. Poucos raros casos que nos fazem sonhar, um em especial, o melhor que conheceu. As mulheres sonham com seu grande amor. Seria ilusão? Mas se for mesmo assim, uma ilusão, se não for mais que uma boa mentira, ele fora o melhor de todos.
Então, considerou Carlos uma visão, pintou em tela, com cores vibrantes, inesquecíveis e incrivelmente originais. Mas lindas que ouro, ou azul do u quando contrasta o verde das copas, ou com o Ipê em Junho. Pensou consigo, quem o tiver receberá um presente, lapidado e em constante crescimento.

Percebeu também, que outros homens são capazes de proporcionar ilusão e emoção, mas ao final, apenas grande desilusão. A mentira torna tudo estranho e vazio. As palavras perdem o sentido e, alguns perdem a vez.
Nos seus devaneios sobre a falsidade alheia, pensou em muitas desilusões, especialmente Alberto. Mas ainda acreditava na sua intuição. Ela lhe diz que valeu a experiência e nada mais. Dos momentos de felicidade aos de caos total. Afinal, se permitiu viver as aventuras que quis, e quando nos permitimos não há arrependimento, apenas escolhas necessárias. A sobrevivência exige escolhas, ou monotonia da depressão. Aquela que se perde no tempo, que te prende no tempo,que te mata no instante, a cada instante...

E concluiu dizendo que conseguiu, decidiu! Sentia a cabeça mais leve. A mente aliviada. Ocupara tempo demais com o pensamento e o pensar, agora queria cuidar de si, gostar de si.

Resolveu escrever que assim nunca mais.

Larah

19 de Abril de 2010.


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