O dinheiro é a origem de todos os males


O dinheiro é a origem de todos os males - talvez essa seja uma das verdades mais evidentes dos nossos dias.
A busca pelo dinheiro e tudo o que vem com ele e que ele proporciona nos torna mais tristes. A maior evidencia disso é palpável, não precisa ir longe pra perceber. Olhe ao redor, observe com cuidado. As pessoas a sua volta estão felizes, digo, realmente felizes? Os momentos de felicidade plena que guarda em sua lembrança envolveram dinheiro? Caso sua resposta seja sim, é melhor rever seus conceitos, você pode estar enganado quanto ao real sentido da palavra felicidade plena.
Tenho visto todos os dias tantas evidencias de que o dinheiro não compensa, que poderia listar uma imensidão de fatores pelos quais esse crime contra nós mesmos não compensa mesmo. Famílias se separam, até mesmo se matam. Brigas entre pais e filhos por heranças ou por migalhas, móveis velhos ou mansões luxuosas. Pessoas que, em busca de uma vida "melhor" se mudam para outros países e perdem o elo, aquilo que as tornava uma família e que realmente importava, o amor, o companheirismo. As vezes, cego pelo desejo de atender aos padrões tão exigentes da sociedade - carro, casa própria, viagem de ferias, sucesso profissional - embarcamos em verdadeiras frias, e pior, nos enganamos na idéia de que tudo vale a pena. Será? Muitas vezes é difícil admitir que fomos longe demais ou que voltar atrás é admitir que falhamos de alguma forma.
Mas pare pra pensar: Valeria a pena deixar aquilo que há de mais pleno e importante na vida por causa de bens, posições, reconhecimento social? O que significa sucesso hoje? Alguns conceitos são tão martelados na nossa cabeça, que esquecemos de olhar o coração. Ele é um amigo sincero. Se algo não vai bem, agente até finge pro mundo, mas não o tempo todo, não pra ele. Vem um momento em que os sentimentos reais se afloram, seja nas insônias, na TPM, nas drogas legais e ilegais, nas fobias, nas palavras cheias de veneno, no olhar triste e frustrado...
Pais tentando dar aos filhos um futuro "melhor" vivem para o trabalho e se esquecem que o melhor para qualquer filho seria ter os pais por perto, se divertindo ao ar livre, vivendo experiências simples como um jogo de futebol, uma queimada no parque, andar de bicicleta ou caminhar juntos, ler juntos, conversar!!! Quantos nunca tiveram a experiência de conviver com seus queridos assim, de passar momentos simples assim em paz, sem o estresse do dia, dos problemas do trabalho, do telefone tocando, da apreensão das dividas com cartão de credito, do parcelamento das contas, da busca por uma "vida melhor".
Uma das recordações mais hilárias e mais felizes que tenho da minha infância foi um dia em que por falta de pagamento, cortaram a luz do nosso apartamento e nós - minha mãe, minhas irmãs e eu ficamos horas no quarto conversando e rindo juntas, sobre tudo, rindo de histórias do passado, gargalhando de situações comuns de nossa vida. Eu me lembro de pensar como gostaria que a luz não voltasse na noite seguinte, assim, a interferência da TV (novelas, tele-jornais sangrentos) não nos tiraria o prazer daqueles momentos felizes. Entende o que e digo? Não precisa quase nada pra ser feliz, para desfrutar de momentos felizes. Levei meu filho no cinema no último final de semana. Até aí nada de mais. Mais um filme da Disney, mais um momento legal, mas o que tornou esse momento marcante pra mim foi a presença do primo do meu filho que de última hora e totalmente por acaso chamamos pra ir conosco. Meu filho nunca se divertiu tanto num cinema. Enquanto aguardávamos pelo inicio do filme, eles conversavam, brincava, gargalhavam. Pra eles o fato de estarem ali juntos era muito maior do que o filme em si, isso era notável. A parte boa não era o filme, era o amigo ali pra dividir o momento. Meu filho se despediu chorando e pedindo pra dormir na casa dele, porque quando a brincadeira tá boa, ninguém quer parar, né. Infelizmente, ele viajaria para outra cidade no dia seguinte, e mesmo que eu quisesse, não poderia ajudar.
Pare para pensar em momentos da sua vida que fazem você suspirar de saudade. Vai ver que a convivência com a família e amigos está no topo da lista. Mas não falo da convivência forçada ou marcada pela disputa de quem tem o carro mais novo, ou o trabalho mais promissor. Não! Falo da convivência do riso fácil, da piada conhecida, dos casos contados e recontados, dos abraços, da proximidade, do jogo de buraco, das musicas, churrascos e almoços, das crianças se divertindo enquanto os adultos conversam, dividem, se unem naquele momento de confraternização.
Acho que alguns devem estar pensando que vivo num mundo de sonhos. Que a vida não é esse mar de rosas. Pode ser, talvez esteja mesmo idealizando o convívio, a harmonia e a simplicidade, mas talvez, seja um estalo, um insight pra aquilo que realmente valha a pena nesta vida.
Conheço pessoas que perderam o olhar mais terno, o sorriso mais fácil, o sono mais profundo, pelo simples fato de que com a idade vem as responsabilidades, ou seja, a busca pelo dinheiro. Isso, destrói a inocência, e por incrível que pareça nossa percepção. Me lembro de uma pessoa doce que conheci e que costumava dizer que eu me preocupava demais com dinheiro. Eu me encantava com o riso fácil e a simplicidade com que ele via a vida. Hoje, alguns anos depois vejo que as vezes sou eu quem me pego dizendo: Ei, você se preocupa demais com dinheiro. E com ele se foi o sorriso tão cativante.
Sem perceber, perdemos a boa parte da nossa vida lutando uma luta que não é nossa. A sociedade nos cobra resultados palpáveis e nós nos levamos pela ilusão de que o dinheiro vai conseguir trazer a alegria das propagandas da TV. Vejo pessoas que só se sentem bem se mostrarem o carro novo, ou a viagem que fizeram, mesmo que tenha sido uma grande merda. Mas é claro que as aparências contam mais. E elas enfeitam ao máximo a experiência e floreiam para parecer real, felicidade real. A ilusão nos enche de vazio. Viver de sonhos marcados pela "estabilidade" financeira, nos força a dar tudo de nós que esquecemos de nós mesmos. Qual o prazer do carro novo? Ele desaparece quando vem a primeira prestação ou mesmo antes, quando nos damos conta de que aquele carro fantástico não preencheu o vazio, nunca vai. Que a viagem dos sonhos só será a viagem dos sonhos se for mais que o lugar. Que o trabalho dos sonhos é muito mais que a posição, é o prazer no que se faz, é a realização e não os "benefícios ou comissões". Que a roupa só vai cair bem num corpo que vê além do corpo. Pode comprar a marca mais cara, ela vai continuar desajustada num corpo doente e triste. Mente sã, corpo lindo! Parece tão óbvio, mas a gente se esquece sempre.
Alguns dias acordamos bem e vestimos a calça antiga que cai tão bem quanto aquela peça recém comprada. Outras vezes a roupa nova perde aquela sensação de frescor logo depois de passarmos no caixa. Nos esquecemos que o que conta mesmo não é o bem, o produto. A TV nos vende felicidade numa garrafa de refrigerante, até mesmo num trago de cigarro. Quem acreditaria? Não dá pra crer, mas caímos nessa e em muitas outras. Talvez não na do cigarro, mas e na vida perfeita dos casais jovens, vigorosos, bonitos...Nas famílias felizes desfrutando a casa nova, o carro do ano, a margarina sensacional...
Porque pensar em felicidade, ou de onde ela vem? Talvez pra você isso não faça sentido. Talvez seja feliz como é. Mas sempre vale a pena refletir, reavaliar.
Podemos mudar tudo, começar do zero, refazer nosso caminho. Se acha que em algum momento se perdeu, fez a conversão errada, não tenha medo de mudar, de recomeçar. O medo é uma ilusão, ele não é real. Podemos fazer tudo de novo se não usarmos os parâmetros sociais para o Ser Feliz. 
Não sou contra o dinheiro, mas contra a busca de padrões e ilusões que são determinadas a partir dele. A grande diferença entre classes é a origem da violência urbana, do caos no trânsito, da maioria das doenças, e porque não dizer da maioria das mortes prematuras. O ideal não é que todos tenham as mesmas coisas, mas que sejam felizes com o que tem, sem se basear no que os outros tem. A origem dos males que tanto nos afetam, o estresse, o medo da violência ou as marcas que ela deixou, a solidão, a depressão, a frustração, são conseqüências marcantes dos usos e abusos que o dinheiro proporciona.
Você acorda, trabalha, come, dorme, acorda, trabalha, come, dorme...E algumas vezes se diverte. Uma diversão que nem sempre é real, felicidade real.
E o que mais você espera da vida? A morte? Pare de sobreviver e dê mais valor ao que realmente importa. E isso quem determina é você, se estiver atento o suficiente para perceber e coragem suficiente para mudar.
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Michele Xavier

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